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  • Foto do escritorThiago Medeiros

O bom jardineiro não aumenta o deserto



Certa vez, Rubem Alves escreveu sobre a arte da política e a comparou com a jardinagem. O núcleo central do texto reflete a diferença entre o político por vocação e político por profissão. Em tempo atual de erupção na política, talvez você se mostre desconfiado sobre esta temática, porém lhe convido ler até o final do texto para compreender nosso caminho e como se liga ao momento vigente.

Que fique bem claro para você leitor é que vocação é diferente de profissão. Na vocação a pessoa encontra a felicidade na própria ação. Na profissão o prazer se encontra não na ação. O prazer está no ganho que dela se deriva. O profissional não ama. Ele ama o dinheiro que recebe dela, ou ainda, o poder que ela oferece.


Resumindo, todas as vocações podem ser transformadas em profissões. O jardineiro por vocação ama o jardim de todos. O jardineiro por profissão usa o jardim de todos para construir seu jardim privado, ainda que, para que isso aconteça, ao seu redor aumente o deserto e o sofrimento.

E você deve se perguntar o que tem a ver com tudo isso, correto? Pois bem meu nobre, nosso futuro depende dessa luta entre político por vocação e político por profissão. Alguns se sentem retraídos e não entram no mundo da política para lutar por um jardim melhor para todos, por outro lado, alguns entram e quando são picados pela mosca azul, acabam criando jardins paralelos privados, tudo em nome do dinheiro e ou do poder.

Alguns políticos gostam apenas dessa última parte. O poder é seu maior objetivo, por ele se faz qualquer coisa, inclusive pisar, destruir as instituições e a democracia. Eles se alimentam principalmente das vulnerabilidades de parte da população que depositam neles sua esperança. Mal sabem que estão prestando atenção apenas na fumaça, não percebem que servem como escravos trabalhando para um projeto de poder de construção de um jardim privado, onde eles não desfrutarão da sombra após construído. Para parte da sociedade, que tanto já lutou, a pior coisa que poderia acontecer nesse momento é enxergar a verdade, é reconhecer que boa parte do jardim já virou deserto.

Vejam os que surfaram na onda eleitoral de 2018, qual a sua real contribuição para o País? Qual o legado que deixarão? Muitos entraram e sairão de suas cadeiras, não apenas por sua inércia, mas também porque não se atentaram para algo crucial, no sentido mais positivo possível: fazer política. Se preocuparam apenas com seus mandatos, e agora estão aí, correndo e torcendo, fazendo reza para que o Senado aprove a “reforma eleitoral” e a volta das coligações. Essa será a salvação de muitos políticos inclusive no Rio Grande do Norte.

Já alguns que entraram advento do período eleitoral 2018, muito tem feito, porém ao não jogar para a plateia precisam correr para aprender um pouco com aqueles que “agitam” nas redes sociais. A sociedade precisa valorizar mais os políticos vocacionados, que cuidam de um jardim para muitos, que não buscam separar e sim agregar, que fazem a boa política do diálogo e da entrega de resultados.

Lembre-se que o grande ganho para a política não advém da guerra cultural, mas sim da postura que a sociedade terá com seus representantes e o que exigir, cobrar deles. Já vimos que a renovação nem sempre será positiva, isto porque a renovação por si só não resolve nada, estamos lidando com pessoas, capacidades, com a vocação. Muitos ali entraram e simplesmente nada fizeram, bem como muitos ali estão durantes anos e também nada fez. Mas isso não é o motivo para desacreditar na política, pois na hora que isso ocorre, quando nossa mente não respeita a política, o que está em risco é toda nossa estrutura democrática, que na sua base mora em nossas mentes, na crença e na certeza de que ela funciona.

O bom político, ou melhor, o bom jardineiro não aumenta o deserto ao seu redor. Ele não se alimenta do ódio e dor dos outros. Ele não desdenha das classes mais necessitadas. Ele não contribui para desmontar, ou privatizar o jardim construído. Não é a favor do desmatamento. Mas sim, para ele quando as flores do seu jardim adoecem, ele cuida.

Talvez se os políticos por vocação se apossarem do jardim, poderemos começar a traçar um novo destino para nossa nação. Então, ao invés de se criar desertos e jardins privados, teremos um grande jardim para todos, obra de homens que tiveram o amor e a paciência de plantar árvores à cuja sombra nunca se assentariam. Muitas das vezes, não precisaremos buscar esses nomes muito longe, alguns já estão lá e só você ainda não percebeu, outros estão prestes a voltar. Deixo aqui um vento de esperança no coração de todos.



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